quinta-feira, 2 de outubro de 2003

Artesanato coletivo

02 de setembro de 2003
Técnicas reunidas no livro Faça Você Mesmo servem de inspiração para grupo de amigas da Capital
Em volta da mesa de uma cozinha da zona norte de Porto Alegre, cinco mulheres de idades entre 13 e 67 anos praticam técnicas manuais. Quem pensa que as cinco estão ali porque precisam está enganado. A diversão delas é mexer com cola, linha, agulha, tecido, papel e tudo que possa se transformar em arte, até mesmo lixo. Na casa da socióloga aposentada Ivette Volkmann Custódio, (AATERGS 011/0603) elas se reúnem para trocar experiências e, quando a tarde termina, cada uma construiu uma obra de arte permeada pela histórias de cada mulher. Inspiradas nas técnicas publicadas no livro Faça Você Mesmo - 50 Trabalhos Artesanais, lançado em agosto pela RBS Publicações, elas desenvolvem seus trabalhos.
Para Ivette, a anfitriã, as técnicas começaram como distração, mas hoje significam fonte de renda e uma forma de terapia. Ela produz e vende sacolas com sobras de materiais e transforma simples sacos de papelão em embalagens de luxo personalizadas - Ivette já produziu mais de 11 mil sacolas únicas, não faz nenhuma igual a outra. Hoje, ela vende suas obras com exclusividade para uma loja da Capital. Dentro do modo em que baseia suas criações, Ivette sente-se livre para aplicar técnicas inspiradas nas dicas dos passo-a-passos do caderno-revista.
- Muitas técnicas reunidas no livro, como o fuxico, o mosaico e as embalagens para presente estão nos meus trabalhos - conta Ivette.
Tendo em mente os benefícios da arte- terapia, Ivete gosta de chamar as amigas para conversar e trabalhar nas obras. As "alunas" são a socióloga Mara Rubia de Mello, a aposentada Predislava Werenicz, a líder comunitária Tomasia Rusniak dos Santos e a filha, a estudante Viviane Santos da Silva, 13 anos. Enquanto Ivette coordena os trabalhos e Predislava conta as histórias de quando chegou ao país vinda da Rússia a bordo do navio onde aprendeu a engatinhar, vão tecendo-se as obras. Sindicalista e feminista assumida, a personalidade de Ivette pode parecer conflitante: a figura doce aliada ao gosto pelos trabalhos manuais à primeira vista não combina com a imagem de uma socióloga combativa. Mas Ivette faz questão de logo desfazer a confusão:
- As pessoas têm a idéia de que o trabalho manual é uma continuação do trabalho doméstico e não é nada disso. Mais que uma forma de terapia, a arte é a minha cachaça - declara.
LAURA COUTINHO